quinta-feira, 16 de junho de 2011

Dois versos

Tempos tão remotos
tempos distantes
tão longes.
Proximidade.

Um verso para exemplificar meu mês conturbado. Resultado de uma agenda cheia, mas o que seria de mim sem uma agenda assim? É faculdade e fiinal de período; ballet e suas apresentações (imenda-se BH com Joinville); namorado lindo, que merece ter tempo para ele. Trabalhos.

Espere o trem partir
fique para receber
porque quem você quer precisa ir
e quem te quer tem que ter você

sábado, 4 de junho de 2011

Seja bem vinda Ditadura


Nunca havia participado de uma manifestação, sequer me interessei por alguma causa a esse ponto, confesso. Confortável, acompanhava tudo pela televisão, internet, impressos. Na quinta-feira poderia ter sido assim. Estava no Centro Acadêmico de Comunicação Social quando a atmosfera foi tomada de protesto em relação a forma como os estudantes haviam sido tratados no protesto ocorrido pela manhã no centro da capital. Até então eu não tinha informação alguma detalhada do assunto, sabia o básico.
Optei por "assistir" e fui para a porta do Cemuni V, escutava no rádio as informações rápidas (e algumas distorcidas) que chegavam. Imaginava que encontraria umas 50, no máximo 100, pessoas; até porque um grande grupo ainda estava saindo do protesto no centro de Vitória. Eis que num vislumbre percebo que deveriam estar ali mais de 300 estudantes que, nesse momento, fechavam a Fernando Ferrari em um protesto PACÍFICO até o momento. Já lá na frente, junto ao "bando", ouço pelo rádio que o BME estava autorizado a agir contra a manifestação, e em cerca de 5 minutos, cinco veículos (carro, vans e microônibus) estavam posicionados. Muitos policiais, mais que necessários para aquele número de estudantes, saltaram armados e pareciam prontos a avançar a cada momento.
Nem sei o que aconteceu direito, só vi que em um segundo protestávamos e no outro corríamos. Eram bombas, balas de borracha e cassetetes; os estudantes reagiram. Sim, foi errado reagir, mas muitos não conseguem ter a cabeça fria diante de tanto ato de estupidez, de covardia. Estávamos desarmados, protestávamos e, de repente, a atmosfera era de fumaça, tiros, gritos e correria. Correr para a Ufes era nossa defesa, mas, ainda assim, continuamos a ser surpreendidos. Alguns mais eufóricos e engajados chegaram a mencionar a ditadura por causa da repressão. Os chamados "defensores da população" continuavam a agressão, jogando as bombas de efeito moral e as balas de borracha dentro da universidade federal. Esqueceram da regra de que a única polícia autorizada a intervir nesse espaço é a Federal.
O protesto continuaria, mais pessoas seriam feridas, outras presas. Moradores, transeuntes e qualquer outro seriam agredidos e saberiam o que a expressão 'uso abusivo da força e do poder' significaria. A população, dentro de suas "caixas fortes", vulgo carros, criticava o movimento e reclamava por não conseguir chegar em casa. Fácil falar quando deslocar-se de um lugar para o outro significa pegar uma chave e partir. Não defendi a violência em momento algum nesse dia. O que os estudantes fizeram foi inconstitucional e nós perdemos a razão ao jogarmos pedras e pedaços de madeira, porém isso foi feito após a repressão policial que continuou até o desfecho ainda mais violento e com prisões.
Como forma de nova reivindicação sexta-feira haveria um novo protesto. Dessa vez organizados, protestamos pacificamente por nossos direitos. Professores, estudantes, servidores, todos unidos, uma passeata linda de ser vista. Caso houvesse tanto erro assim em nossa manifestação não estariam presentes quase 4 mil pessoas. Foi lindo!
Diante de tamanha luta fica apenas minha indignação contra, primeiramente, a polícia e o BME, o governo que em momento algum importou-se com a segurança que tanto diz defender e as chamadas grandes mídias, que fizeram uma cobertura repleta de parcialidade. Onde está o jornalismo?