sábado, 22 de setembro de 2012

Um pequeno, porém sábio príncipe

Desde criança sempre fui apaixonada pelos livros. Lia tudo que me dessem e ainda conseguia ser uma viciada na biblioteca da escola quando muitos nem sabiam direito o que era isso. Aprendi a gostar de tantos livros e me encantar com diferentes histórias que muitas delas ainda são minhas companheiras anos depois, sempre lidas e com um olhar diferente. Um desses contos é o do "Pequeno Príncipe".
Com cerca de 9 ou 10 anos o li pela primeira vez. Não compreendi de imediato a essência das aventuras do príncipe, mas não deixei de ficar encantada com o livro e aquelas ilustrações estranhas que pareciam feitas por uma criança. Achei legal, nada mais que isso. Anos depois alguns professores comentaram sobre a riqueza da história e resolvi que deveria dar mais uma lida. Nessa época eu já devia estar com cerca de 14 anos, e surpreendi-me como nada mais parecia-se com a leitura que eu havia feito anteriormente. Prestei atenção em partes que eu jurava nunca ter percebido, tive uma outra visão literária e decidi que esse realmente era um livro incrível e digno de diversas interpretações. Por isso já mais velha resolvi que adoraria ter um exemplar e decidi comprá-lo em francês, pois nada melhor que a linguagem original dele, assim como as ilustrações.
É o livro de versão francesa mais vendido no mundo e uns dizem tratar-se da terceira obra mais traduzida mundialmente, tendo sido publicado em cerca de 220 idiomas ou dialetos.
 
Le Petit Prince nos mostra através de uma criança uma maneira filosófica e por meio do planeta que habitamos, os segredos e presentes da natureza. Além de escancancarar a solidão e as características, vaidades e histórias humanas. Por isso cada vez que o lê surge uma nova descoberta, uma maneira diferente de interpretar o enredo que é simples e marca com mensagens otimistas e de valorização do mundo em que vivemos. Toda essa obra de Saint-Exupéry trabalha os valores e por isso é tão indicada para todas as idades.
Abaixo um pequeno trecho do livro original em francês, seguido da tradução em português. É uma parte do diálogo entre o pequeno príncipe e uma raposa e nos dá uma dimensão da leveza e profundidade da leitura.
 
Em Francês:
"Je cherche les hommes, dit le petit prince. Qu’est-ce que signifie “apprivoiser”?
- Les hommes, dit le renard, ils ont des fusils et ils chassent. C’est bien gênant! Il élèvent aussi des poules. C’est leur seul intérêt. Tu cherches des poules?
- Non, dit le petit prince. Je cherche des amis. Qu’est-ce que signifie “apprivoiser”?
- C’est une chose trop oubliée, dit le renard. Ca signifie “créer des liens…”
- Créer des liens?
- Bien sûr, dit le renard. Tu n’es encore pour moi qu’un petit garçon tout semblable à cent mille petits garçons. Et je n’ai pas besoin de toi. Et tu n’a pas besoin de moi non plus. Je ne suis pour toi qu’un renard semblable à cent mille renards. Mais, si tu m’apprivoises, nous aurons besoin l’un de l’autre. Tu seras pour moi unique au monde. Je serai pour toi unique au monde…
- Je commence à comprendre, dit le petit prince. Il y a une fleur… je crois qu’elle m’aapprivoisé…"
 
Em Português:
"– Procuro os homens – disse o pequeno príncipe. – Que quer dizer “cativar”?
– Os homens – disse a raposa – têm fuzis e caçam. É assustador! Criam galinhas também. É a única coisa que fazem de interessante. Tu procuras galinhas?
– Não – disse o príncipe. – Eu procuro amigos. Que quer dizer “cativar”?
– É algo quase sempre esquecido – disse a raposa. – Significa “criar laços”…
– Criar laços?
– Exatamente – disse a raposa. – Tu não és ainda para mim senão um garoto igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu também não tens necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo.
– Começo a compreender – disse o pequeno príncipe. – Existe uma flor… eu creio que ela me cativou…"
 
 
Essa é a minha dica de leitura para essa semana. É realmente um livro digno de ser lido e relido, sempre com um novo olhar e descoberta.