quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Um crime chamado Bar Bodega

Atentei-me que nunca havia falado sobre o livro Bar Bodega. Tampouco o citei por aqui. Grande erro, uma vez que após descobrir e ler percebi que dos livros reportagens chocantes em minha vida ele disputaria o primeiro lugar com Abusado, de Caco Barcellos.

Bar Bodega relata a história de um assalto que terminou na morte de um cliente de um bar de classe média alta, em São Paulo. O estabelecimento pertencia a artistas de uma grande empresa de comunicação (rádio, impresso, televisão ...) e o ano era de eleições na capital paulista. Soma-se todos esses ingredientes e percebemos uma polícia necessitada por respostas e uma imprensa em alvoroço para uma acusação certeira. Não tardou a surgirem suspeitos. Um, dois, três, dez, sob tortura todos confessavam o crime, menos um. Não tinha problema, um amigo já tinha colocado-o na cena do crime. Reportagens de capa, debates na televisão, choque na sociedade. Um grande caso, que aparentemente estava concluído após o julgamento e a condenação.
Entretanto a história mudou. Um advogado resolve rever o processo e descobre inúmeras falhas e erros cometidos por pressa e obrigação de respostas a sociedade. Há uma nova análise e a verdade é descoberta. Não cabe aqui contar o final do livro, mas confesso que é chocante e ao mesmo tempo surpreendente. A revelação do poder e da influência que a mídia tem em nossa vida ganha uma dimensão ainda maior nos desdobramentos desse crime.

Como estudante de jornalismo serviu para análise não só de como julgamos errado muitas coisas do cotidiano, como também é preciso um cuidado extremo em acusações; principalmente tão graves como foram essas. São casos que estão presentes e que passam muitas vezes despercebidos pela população em geral, porém marcam a vida principalmente dos que estão envolvidos. O rótulo dado a alguém em um veículo de comunicação pode marcar de forma positiva ou negativa um inocente. É uma discussão interessante e que merece total atenção dos profissionais e estudantes da área, a delicadeza de se trabalhar com palavras.

1 comentários:

Léo disse...

Também gostei muito do livro, apesar de não ser um profissional da área. Obrigado por ter me emprestado.