quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

O talento de Janet Malcolm em "Anatomia de um julgamento"


Em Junho do ano passado fui apresentada a um livro que passou a ser minha busca constante nas livrarias. Infelizmente aqui no estado ele não era dos mais fáceis de ser localizado, ou quando encontrado acabava figurando-se muito caro. Anatomia de um julgamento: Ifigênia em Forest Hills foi escrito por Janet Malcolm - mesma autora do consagrado livro O jornalista e o assassino (conhecido por profissionais da comunicação).
O livro descreve um julgamento a partir do ponto de vista da jornalista que o presenciou e teve a oportunidade de acompanhar o caso desde o início até o final da sentença. Inicialmente o caso parece ser simples. As provas levam a crer que a respeitada médica Mazoltuv Borukhova, uma judia ortodoxa de uma seita bucarana, contratou uma pessoa para matar o ex-marido, um dentista. O motivo seria a perda da guarda da única filha do casal após o divórcio. Todos esperam uma condenação rápida e sem muita demora, a imprensa cobre o caso como a vitória certa da promotoria.
O caso se desenrola e paira a eterna dúvida no ar sobre a cobertura da imprensa a o uso dos meios de comunicação para manipulação inclusive do próprio corpo de jurados. Não apontarei o final do livro, mas posso dizer que o desenrolar da história acrescido com a entrevista que há no último capítulo servem para refletir o poder da imprensa e do jornalista. São verdades, sabedoria e experiência que Malcolm passa em suas respostas.
O interessante de observar é que a escrita do livro segue um padrão consistente com uma matéria. É como se fosse um artigo descritivo, sem ficção alguma. São fatos contados de maneira consistente e direta, em uma linguagem fácil de ser entendida e para prender a atenção do leitor, mesmo daqueles que não são das áreas de comunicação ou direito - as mais explícitas no julgamento.
A capa da publicação é de longe a mais interessante (ou perto) das que eu vi. Em um tom marrom puxado para o vermelho, combina algumas tipografias e cores, mas não apresenta nada de atraente. O que talvez chame atenção logo de cara é a sinopse que foi o que prendeu minha atenção. Se a capa não me cativou, não posso dizer o mesmo do conteúdo, e foi lendo um pouco mais do livro é que me interessei.
Para aqueles e aquelas que leram esse livro e gostaram do estilo, da temática e querem a reflexão do impacto da cobertura do jornalismo em nossa sociedade, recomendo Bar Bodega, já descrito aqui em postagem anterior (para acessar a postagem clique no hiperlink).

Janet Malcolm: natural de Praga, emigrou para os Estados Unidos com a família aos cinco anos, em 1939. É escritora da revista norte americana The New Yorker e autora de diversos outros livros, entre eles o consagrado "O jornalista e o assassino".

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