sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Sutilidade presente nas estrelas



Já estava escrito na Bíblia que "o filho pródigo a casa torna", pois estou de volta. Ainda mais sem tempo que antes, porém aos poucos isso acaba, já que estou ao final do meu Trabalho de Conclusão de Curso, que como amante da dança e dos livros se tornará um livro-reportagem - em breve maiores detalhes, por enquanto puro segredo!

O livro escolhido de hoje não é um clássico (ainda), tampouco tem anos de tradição ou uma história de intrigas e desafios. Ele é simples, mas cativante; emocionante, mas verdadeiro; ficção, mas tão real que tudo parece fazer parte de um enredo profundamente vivido por alguém nas condições descritas. Esther Earl modificou a maneira do autor de encarar a realidade. Como algum leitor (se é que isso ainda tem pessoas que leem e não uma vaga - e quase ex - estudante de jornalismo a divagar suas vagas filosofias) mais atento deve ter percebido, o livro em questão chama-se "A culpa é das estrelas" (2012), de John Green.
A publicação trata sobre a vida, o cotidiano, os sonhos, desafios e as perdas que uma menina de 16 para 17 anos enfrenta com um câncer estágio IV originado na Tireoide, mas com metástase nos pulmões. A sobrevivência de Hazel não é fácil. A incerteza de uma morte certa em alguns anos a mais - prolongados com o auxílio de uma medicação ainda em teste - era um incentivo para ela evitar sua adolescência e o turbilhão de sentimentos que nela existem. Nada parecia realmente ter um significado em seus dias, até o momento em que conhece Augustus em uma reunião para sobreviventes do câncer. O enredo é todo construído na simplicidade e no singelo descobrimento do amor adolescente em uma forma mais pura, com os olhos inexperientes e ao mesmo tempo maduros de Hazel, que mesmo ainda pequena já havia enfrentado mais dificuldades que muitos adultos.
A simplicidade da escrita que preenche lacunas, torna a leitura uma descoberta a cada linha. O leitor não consegue parar e simplesmente devora o livro; sem exageros. Palavra por palavra Hazel ganha vida nas 283 páginas que compõem a obra em sua tradução para o português. Em um romance totalmente dramático aconselho aos emotivos que preparem os lenços, as lágrimas aparecem involuntariamente tal a beleza e identificação com os personagens.
Se a capa me despertou uma curiosidade há tempos, optei por esperar algum tempo antes de cogitar adquirir o livro por temer que pudesse ser apenas mais algum sucesso adolescente febril. Não é. Ganhei de presente e recomendo para um, uma pitada de tudo aquilo que há algum tempo não encontrava em um livro jovem com essas características. Se precisasse escolher um título para comparação não ousaria e colocaria o infanto-juvenil Pollyanna (1913) e seu jogo do contente no páreo. Quem nunca leu, leia, os dois de uma só vez.
"A culpa é das estrelas" foi inspirado em uma jovem em semelhança com Hazel, seu nome verdadeiro era Esther Earl. Em uma postagem da editora Intrínseca, responsável pela publicação no Brasil, o autor fala:

"Eu gostaria que ela tivesse lido A culpa é das estrelas. Imagino que teria achado um livro um pouco improvável, mas espero que ainda assim teria gostado dele. Só que nunca saberei. Estou impressionado com o fato de o livro ter alcançado um público tão amplo, mas a pessoa que eu mais quero que o leia nunca o lerá".

Chorei novamente!

ps.: O livro está previsto para sair em filme ainda esse ano.


John Green, nascido em agosto de 1977 em Indianápolis, nos Estados Unidos, formou-se no ano de 2000 em Inglês e Estudos Religiosos. Teve como primeiro livro "Quem é você, Alasca?" (2005), que ganhou o prêmio Michael L. Printz (da American Library Association) por "excelência em literatura para jovens adultos". Escreve histórias simples, leves e que nos fazem sentir. Ainda não o conheço tão bem, mas certamente lerei mais.

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