domingo, 9 de janeiro de 2011

La danse

Não existe nada mais aterrorizante para uma bailarina que as férias. É um período de descanso que o corpo ganha um ócio e uma preguiça que chega ser impossível descrever. São nesses dias, ou semanas, de descanso que sentimos as dores do trabalho intenso de meses a fio. É aí que paramos para tratarmos nossos pés calejados que tem mais bolhas e cascas que vestígios de pele saudável. Esta última, aliás, também já não estava mais tão visível em meu joelho; em seu lugar marcas adquiridas nas últimas coreografias. Livres, despojadas, diferentes dos clássicos comuns, mas tão malucas quanto.
Dina Nina, famosa personagem bailarina.
Agora pior que entrar de férias é voltar delas. Isso porque fazemos uma aula normalmente ridícula que nos faz lembrar a nossa entrada no ballet: desajeitadas procuramos nosso lugar na barra. A propósito o que seria mesmo uma barra? Ah, esquece, deixa tudo pra lá. E nos vimos as voltas com as posições, os braços, limpeza do movimento, suavidade, suor. Como que em um passe de mágica os movimentos vão sendo desenhados, envergonhados ainda, porém é como andar de bicicleta; "não se desaprende".
Chega então o dia seguinte, ou melhor, a manhã seguinte. Normalmente é uma dor que não há como descrever. Reflexo e lembrança dos músculos parados, mas quem liga? Já pensamos no hoje, amanhã e depois. Acordamos prontas para a próxima aula, ensaio, apresentação e se alguém nos perguntar como estamos tenho certeza que por mais dolorida que estivermos responderemos "bem". Entretanto essa é a nossa profissão, realização e dedicação. Não ligamos se não temos unhas, pele ou calcanhares, o importante é dançar!

1 comentários:

Esther disse...

Lindo, Chininha! Seu texto desenhou um filme na minha cabeça e fiquei imaginando esse redespertar dos movimentos.

^^